Save Me From The Nothing I've Become

Save Me From The Nothing I’ve Become by Núria M.




Capítulo 1 – A Morte é só o inicio…


’s POV (point of view) – Ponto de vista

- ‘Stor, o senhor só pode ‘tar gozando! Eu não vou fazer um trabalho de grupo com o !

- Senhorita , não se preocupe pois não será um trabalho de grupo… - Apaziguou-me o professor Jerónimo. Relaxei, mas o professor acrescentou - … Afinal só ele irá trabalhar, a senhorita irá orientá-lo de forma que a nota que ele tenha seja suficiente para vocês dois. E se não quiser dou-lhe já um zero na pauta!

Olhei-o admirada.

- Então o senhor quer dizer que a minha nota será igual à dele?! – Apontei para o pior ser que existe neste mundo. Ele nem sequer olhava para mim, estava sentado no seu lugar a comer pastilha elástica com as pernas cruzadas em cima da mesa.

- Na verdade, sim! - Confirmou o professor deixando-me desamparada. Será que ele estava bêbado? Eu não podia sequer estar perto de , quanto mais fazer um trabalho de Ética com ele! Mas, por mais que quisesse reclamar, isso não iria adiantar em nada, pois tratava-se do professor mais rigoroso de todo o liceu e, protestar só me ia prejudicar ainda mais. Por isso limitei-me a suspirar baixinho para que o professor não ouvisse. – Quero todos os trabalhos escritos em três semanas e as apresentações vão ser feitas através do power point e pelos parceiros que eu vou indicar… Portanto, no grupo da Iracema quem vai apresentar é o Rodevaldo… No grupo da Jucilda quem vai apresentar é o Gessine, no grupo do Domiciliano quem vai apresentar é o Jacinto…

Há medida que o professor continuava a dizer os nomes, deixava um rasto de lágrimas por onde passava… Afinal de todos os grupos ele apenas tinha escolhido os piores alunos para apresentarem… Comecei a ficar nervosa, isto não podia estar a acontecer comigo! Apesar das minhas suspeitas estarem praticamente confirmadas foi quando o professor finalmente disse “No grupo da quem vai apresentar é o !”, é que perdi as minhas esperanças! Que mal tinha feito na outra vida para receber este tipo de castigo? Além de ter de fazer o trabalho com o ; receber a mesma nota do que ele; teria também de deixar tudo em suas mãos e eu tinha uma definição para isso … SUICIDIO ACADÉMICO!

Estava tão atrapalhada a pensar nisso que nem dei conta de que o sino já tinha tocado e o meu “parceiro” já havia saído da sala. Arrumei depressa os meus materiais e fui atrás dele. Não demorei muito para o avistar no portão da escola, e corri até ele para o confrontar e ameaçar:

- , venha fazer o trabalho comigo amanhã às 15:00 horas na biblioteca da escola! Não precisa investigar nada! Disso trato eu!

O virou-se para mim e deu um sorriso de escárnio, sem parar de andar:

- De que trabalho é que você está falando?
- Do nosso! Aquele que o professor Jerónimo nos mandou fazer, ‘tá lembrando? – Disse tentando reavivar a memória dele que, sabia ser muito curta. É o que normalmente, acontece com macacos.
- Ahn… Esse trabalho… Olha, eu não vou fazer nada! Portanto, te prepara para ter o teu primeiro 0 na pauta, Einstein!
- Você só pode estar gozando! Não pode fazer isso comigo! Você sabe como preciso desta nota! Senão como vou ter uma média suficientemente alta para ir para o curso de medicina?
- Não sei…Te arranja… - finalizou virando as costas para se ir embora
- Epá, a sério! – disse, pegando-o no ombro, fazendo-o virar-se - Pára com esse tipo de brincadeira! Nós podemos brigar imenso, mas escola à parte!
- Own a sério?! – sacudindo a minha mão do seu ombro, com brusquidão - Você é mesmo engraçada! Não foi hoje de manhã que estava só me mandando ir à merda à frente de toda a gente? E, agora, precisa da minha ajuda? O mundo dá voltas, ahn? - lhe vi fazer aquele sorriso idiota e, a única coisa que me apetecia fazer era lhe dar uma grande bofetada.
- Você se acha o máximo, né? Só por ter uma banda e ser muito popular na escola não significa que você é melhor do que eu ou qualquer outra pessoa…

- E você? Lá por achar que é auto-suficiente, não tem de tratar mal a todos que tentam se aproximar de você…

Já tínhamos atravessado para lá dos portões da escola quando disse isto:

- Ok, ! Peço desculpas! Nunca devia ter-te dito isso depois de você gozar comigo em frente a toda a gente por considerar que eu não tenho amigos! – Afirmei irónica

Atravessávamos juntos a passadeira em passos lentos, distraídos por causa da nossa discussão:

- , você não tem amigos por ser sempre assim! A toda a hora, com todas as pessoas!

- E, você acha que eu me importo com você? Com as suas opiniões? Olha, se não quiser me ajudar no MEU trabalho, não há problema! Mas, sabe qual é o meu desejo mais profundo?

- Fala, querida sou todo ouvidos! – disse me provocando

- Quero que você morra! Muito cedo! – Disse com todo o meu ódio e raiva que, aquele ser repugnante me causava.

- Ahn, eu não! Eu desejo que você viva muito e que sofra imenso! Sua… - hesitou, parecendo procurar uma palavra adequada à descrição necessária - alien!

Me virei para o responder mas não consegui.

Tudo aconteceu muito rapidamente. Nem percebi o que tinha ocorrido:

Ouvi uma buzina de um carro muito perto do meu ouvido, vi o vir de encontro a mim, me empurrando e de repente tudo ficou branco!

Sabia que algo estava muito errado! Tinha uma certa noção de que tinha sofrido um acidente e, que agora devia estar morta… Mas, então porque sentia todo o meu corpo a arder e a doer de uma forma infernal? As minhas veias pareciam estar a ser sugadas para fora do meu corpo (se é que ainda tinha algum)!

Nunca tinha pensado na forma como morreria… E, por momentos, fiquei com medo de que estivesse prestes a descobrir como era a sensação… A minha vida não era Perfeita de todo mas, ainda não estava preparada para morrer… Tentei explorar os meus sentidos. Mas não conseguia sentir nem o tacto, nem a visão. E, não tinha força para tentar explorar os outros sentidos… Tudo era dor… e branco!

Nunca tinha pensado nessa cor como sendo dolorosa… Afinal, branco é a cor da paz, do alívio da libertação da dor! Mas, ali nesse mundo imaginário (ou não) não haviam muitas certezas pois, era tudo ao contrário. Apenas fiquei parada à espera da dor desaparecer, de tudo acabar, de ver a luz ao fundo do túnel… Mas isso não aconteceu! Ali nessa dimensão entre a vida e a morte, onde me encontrava, os segundos pareciam horas e os minutos dias e, de repente parecia que as minhas preces tinham sido ouvidas porque, comecei a conseguir abrir os olhos (ou aquilo que eu achava serem eles). Gradualmente a dor foi diminuindo e as minhas veias voltando para o interior do meu corpo. Os meus olhos conseguiam agora identificar outras cores, manchas. Apenas fiquei ali parada, com os olhos semi-cerrados a observar as duas manchas à minha frente. Até que uma delas falou:

- Coitadinha dela! Desde que deu entrada no hospital ninguém a veio visitar. Deve estar sozinha e sem amigos…

Outra vez aquelas palavras “sem amigos”! A princípio, isso me incomodava mais. Agora já nem tanto. Estou bem sozinha, não confiar em ninguém é bom! Assim também não me desiludo! – Estremeci ao sentir uma dor aguda na cabeça - Ao que parece não foi dessa vez que morri… Afinal, tinha razão. Talvez viva muito e sofra imenso mas, já não tenho nada a perder… Os meus pais morreram há cerca de cinco anos, num acidente de avião e, nunca tive qualquer contacto com os meus parentes mais próximos (a não ser, quando tinha de obter alguma autorização especial dos meus padrinhos – que eram os meus “responsáveis” ou educandos, como lhes queira chamar), não tenho irmãos e os meus anteriores amigos deixaram de me tentar consolar por causa dessas perdas. Sempre me consideraram antipática com todos e nunca falo com ninguém no liceu… A única pessoa a quem dirigia a palavra era o pior ser deste mundo a quem eu simplesmente ODIAVA! !

Bom, eu até percebo o porquê de não ter amigos… Não gosto das mesmas coisas que as miúdas normais… Oiço Eminem e Lil Wayne em vez das músicas escrotas da Taylor Swift; dos Jonas Brothers e daquela criancinha que tem MEDO de sexo, chamada Justin Bieber. Não gosto das músicas sem sentido dos Mcfly (nunca sequer ouvi nenhuma, mas porque haveria de gostar?); não gosto de me vestir que nem essas putinhas: com mini-saia e tomaras- que-caiam; não leio essas porras conhecidas como bestsellers: Harry Puta (ou Potter, como quiser!); e Anoitecer (aquela saga da Stephanie Meyer); AMO filmes de terror em que toda a gente morre por causa do Diabo. Nos meus tempos livres, gosto de ler umas histórias feitas por fãs do Eminem, chamadas de fics e, de ver animes (desenhos animados, para as mais desinformadas!) como: Bleach; One Piece e, claro, Naruto Shippuden. Nunca tive grandes cuidados com a minha dieta alimentar, comendo todas as porcarias que me apetecesse. Mas, apesar disso não engordava muito. Adoro ver futebol e sei todas as informações dos times atuais. Afinal que miúda (inteligente e culta) é que não sabe que o Chelsea conquistou 4 vezes o campeonato inglês; seis vezes a Copa de Inglaterra e 4 vezes a Supercopa de Inglaterra?!

Por momentos me esqueci de onde me encontrava… Agora, conseguia ver muito melhor e, quando acordei do meu devaneio, uma enfermeira magra e loira entrou no quarto, triste e a resmungar:

- Aquela família dá uma pena! Pelo que ouvi dizer, o rapaz era filho único e também parecia ser muito popular a julgar pelo facto de que toda a escola já cá veio o visitar desde que ele deu entrada no hospital!

- Mas essa tal de não é da escola dele? – Perguntou a enfermeira ruiva que, estava agora sentada na cama onde eu estava

- É! Mas talvez estejam a dar prioridade ao amigo que morreu, né Celestina? – respondeu a loira à ruiva

- Oh, sim. Claro que é isso! Talvez mais tarde a venham visitar! Mas é realmente uma pena que o rapaz tenha morrido, ele parecia ser tão simpático e bonito! Sabe, até percebo o porquê de ninguém a ter vindo visitar, afinal o tal de morreu por causa dela!

- É verdade… Pelo que dizia no relatório que o Bernardino me entregou, o tal de a afastou do caminho no momento em que ela ia ser atropelada, não tendo tempo para esquivar! – Respondeu a outra enfermeira que, estava no fundo do quarto

- Realmente foi uma fatalidade! Mas, não fale assim… Quer dizer… Ela não teve culpa de nada! - Disse - Bom, eu fico com a senhorita essa noite! Podem ir se embora – ofereceu a enfermeira loira.

- Obrigada Jonina! Então já me vou embora que estou cheia de sono! Tchau!

- Ok, tchau!

Após a Celestina e a outra enfermeira sairem do quarto, Jonina veio regular algo no meu soro e, depois de fazer isso também ela saiu do quarto. Quando tive a certeza de que todas as enfermeiras tinham saído, abri totalmente os meus olhos e permiti-me suspirar alto.

Com que então ele tinha morrido? Que mau! Quer dizer… Todos os dias morrem milhares e milhares de pessoas! Isso não me afectava em nada! Mas, o facto de saber que isso tinha acontecido por minha causa, não apenas me tinha feito sentir muito mal, como me dava uma vontade de voltar atrás no tempo. Se eu não tivesse saído a discutir com ele da escola… Talvez isso não tivesse acontecido! Mas é a vida! Nunca irei saber se isso iria mudar alguma coisa… A única coisa que, realmente, me arrependo é o facto de que a última coisa que lhe disse foi o meu desejo de lhe ver morto! Inspirei ar suficiente e tomei força para chamar a enfermeira. Quando esta veio, pedi-lhe que me explicasse o quão grave era a minha situação e quando é que podia ter alta.

- Senhorita , a sua situação não é grave e, depois de alguns exames pode ir para casa. E, isso será no mais tardar em dois dias…

Estes foram os dois dias mais longos da minha vida, pensei enquanto abria a porta do meu apartamento. Parecia que todo o liceu estava à espera que acordasse só para me vir deitar culpas da morte do, tão adorado, , e, claro, nem me importei. Limitava a mandar o dedo do meio a todos que passavam pelo meu quarto, incluindo algumas das enfermeiras que me olhavam como se eu fosse uma assassina.
O meu humilde apartamento se encontrava do mesmo jeito que o havia deixado da última vez. As paredes de cor creme, o hall de entrada decorado com muitos cravos roxos, que agora estavam murchos devido à falta de água, tinha, também, um tapete que eu mesma havia feito com desenhos abstractos formadas por figuras geométricas. Em frente, a minha sala de estar com, a minha televisão muito pequena e velha em conjunto com os sofás creme que peguei antes de irem para o lixo na vizinha ao lado.
Do hall, podia-se observar a entrada para a minha cozinha do lado esquerdo. Mas, não me apetecia comer nada agora. Por isso, apressei-me a atravessar a sala e a subir as escadas caracol de madeira, à minha frente. Ao subi-las, senti uma picada na cabeça.
Durante estes dias, a minha dor de cabeça havia piorado de uma forma horrível, mas os médicos após fazerem-me análises viram que se devia ao facto de estar muito esgotada e stressada com tudo que tinha acontecido recentemente.
Ao longo destes dois dias fiquei “cúmplice” da enfermeira que ficava comigo, a Jonina. Ela me informava de tudo o que se passava no hospital, incluindo tudo sobre a família . O funeral de tinha sido ontem e como esperado havia ido muita gente. Realizou-se num cemitério que possuía um campo verde e cheio de flores.
Tirando isso, a Jonina contava-me sobre os dilemas e trapalhadas em que uma enfermeira normalmente se metia. Essas histórias tinham servido para me distrair e não pensar no dia em que teria de voltar para a escola, que seria na verdade, amanhã.
Resolvi tomar um banho para tirar o cheiro de hospital. Após me despir, liguei a torneira, em forma de cascata e, pus a água numa temperatura amena.
Nem queria pensar em como todos iriam reagir quando vissem que EU (a incómoda, imbecil, antipática, malcriada e anti-social) estava viva e que o tão proclamado ídolo deles tinha morrido para me salvar… Por momentos desejei que ele não tivesse morrido só para não ter toda aquela gente a odiar-me sem motivo… Podiam me chamar de fria mas eu não tinha ficado com um sentimento de culpa por aquele rapaz ter morrido por mim… Talvez porque ainda não tinha acreditado que ele realmente havia morrido ou, então, porque ele tinha feito uma escolha no momento em que me empurrou para fora do trajeto do carro, se suicidando. Afinal, se aconteceu é porque tinha de acontecer e ninguém é culpado por isso… O culpado é o DESTINO!
Na verdade, o que nós chamamos de destino é o futuro escrito! Nunca acreditei nesse tipo de coisas, não gosto de pensar que não tenho o controlo da minha vida!
Me assustei e desliguei a torneira. Tinha a certeza de que estava sozinha em casa, então quem tinha falado?
- Quem está aí? – Perguntei, me sentindo realmente estúpida ao fazer essa pergunta.
Como não obtive resposta saí da banheira e me enrolei numa toalha, espreitando para fora da porta da casa - de -banho.
“Estou aqui! Você não consegue sentir? – disse novamente a voz. O mais estranho era que eu a conhecia mas, não podia ser quem eu imaginava… - Sou eu! Olha no espelho!”
Tive medo de obedecer o que a voz dizia, mas sem saber o porquê fiz o que ela me disse…
- AAAAAAAAAAAAAAAHHHHH! – Gritei ao ver o reflexo de no espelho! – O que é que está acontecendo aqui? ‘Tou vendo FANTASMAS! AAAAAAAAAAHHHHH! - Sentia tanto medo que era capaz de sair dali a correr, mas eu não era assim, nunca fui. Era uma miúda fria, calculista e racional. Nunca acreditei em nada abstracto. Isto incluía a amizade; a alegria; o amor; e, principalmente fantasmas! Por isso, limitei-me a respirar fundo e a acalmar-me para depois lhe perguntar – O que raio você tá fazendo … VIVO?! Você devia estar num caixão a 100 palmos abaixo da terra… E, no entanto, você está aqui, em minha casa, na minha casa de banho e no meu espelho…
“Acredita, não há nenhum outro sitio que poderia ficar mais angustiado em ficar… Ainda sei muito pouco sobre isso! O que descobri até agora é que: ao que parece, realmente, morri mas ao mesmo tempo estou preso no seu corpo imundo, e você só consegue me ver através do espelho e, também descobri que consigo ver e ouvir tudo o que você vê e ouve! Mas, só agora descobri como comunicar com você, porque desde que deu entrada no hospital, você não parou de pensar. E, isso dificulta a minha comunicação”
- Você está no meu corpo?! Não acredito nisso! Não pode ser verdade! – E, só a ideia disso me assustou. Ele é o pior ser que existe neste mundo mas eu não o podia tratar mal, porque ele estava morto. Tenho os meus princípios e, «Nunca desrespeites os mortos!» era um deles! – Quero uma prova disso! – e me virei de costas para ele
“E porque haveria de ta dar?” perguntou sarcástico
- Porque se estiver correcto, você está no meu corpo! – Afirmei, o convencendo. Se havia coisa que gostava de ter era razão!
Depois de ver o algarismo que eu tinha feito com as minhas mãos, o número 3, perguntei-lhe:
- Qual é o número que eu tenho representado nas minhas mã…
- Três! – Disse interrompendo-me
- Ahn… - balbuciei – Foi sorte! Me diz então em que estou a pensar! - Disse concentrando-me em três coisas ao mesmo tempo: a minha comida preferida - pizza; o meu desporto preferido – natação e a minha cor preferida – preto.
fechou os olhos e parecia se concentrar quando disse simplesmente:
“ Pizza; Natação e a cor preta!”
Isto foi o suficiente para me assustar de vez! Com isso, saí da casa-de-banho a gritar a plenos pulmões:
- Sai da minha cabeça! Não te quero perto de mim! Já me custava te ver na escola a uma distância de pelo menos quinze metros de distância! Não te quero perto de mim! – E, enquanto gritava isto, abanava a cabeça como se ele fosse um chapéu que cairia se fizesse isso.
Abanei a cabeça com tanta força que fiquei tonta e caí no chão.
“Acha mesmo que eu quero ficar dentro de alguém tão repugnante como você? Eu tive um grande azar! Com tantas pessoas no mundo, tive que ir ficar na cabeça de uma ALIEN! Preferia ir para o Inferno!”
- Eu também! Nisso concordo com você! Que tal pormos fim a isto? – Propus, indo em direcção à cozinha.
“O que é que você quer dizer com isso?”
Não o respondi. Abri a gaveta mais próxima e encostei uma faca afiada no meu pulso.
- Quero dizer que eu posso pôr fim ao nosso sofrimento com apenas um impulso no meu braço!
“Não!!!!!!!!!! Pára com isso!” - Gritou desesperado
Comecei a gargalhar. Nada me dava mais prazer do que ver o ser que mais odiava no mundo totalmente atormentado.
- Você se acha mesmo, né? Pensou mesmo que me ia suicidar por causa de você?!
“Sei lá, sua doida marada! – parecendo recuperar o fôlego depois de uma maratona.
- Com que então você tem medo de morrer? Bom, saber que tenho uma forma de fazer chantagem sobre você…
“Pára de gritar caramba! Tou ouvindo tudo o que você pensa nem é preciso abrir sua boca nojenta! E, eu não tenho medo de morrer…”
- Sério?! Não foi isso que pareceu… - Continuei falando como se ele não me tivesse dito nada.
“Ahn, sua cabra… Não devia estar um pouco mais agradecida por lhe ter salvo a vida em troca da minha?”
- Não, nem por isso… Caso consiga ouvir os meus pensamentos, eu não tenho nem um pouco de remorso de ter desejado a sua morte ou de ter sei lá, de a ter causado…
“Quando penso tudo o que perdi só por ter feito seguido esse meu instinto insano…”
- Cara, por amor de Deus – e, olha que eu já nem acredito mais nele – PARE de falar! Não quero saber de quantas miúdas você deixou para trás sem ter podido namorar, não quero saber de quantos fãs você deixou para trás sem ter podido dar o seu autógrafo; não quero saber de quantas vidas você podia ter salvo em vez da minha, porque eu acredito que vou directamente para o paraíso só de ter apagado sua existência desse mundo…
“Cobra! Filha da PUTA!”
E, depois de dizer isso, foi como se ele tivesse desligado… Não o voltei a ouvir mais e, pensei que ele finalmente tinha ido para o além ou para qualquer sitio onde as almas penadas iam quando perdiam seus corpos. Não me quis animar muito mas, é como se diz, a ESPERANÇA é a ultima a morrer.
Como não tinha nada para fazer, entrei no meu e-mail e, me surpreendi quando encontrei na minha caixa de entrada mais de 40 mensagens não lidas.
Nunca tinha recebido tantas mensagens na minha vida. E, nem eram de publicidade… Eram realmente pessoas! Cliquei no lado esquerdo do rato do meu computador, abrindo a primeira mensagem de uma menina que, anteriormente havia sido minha melhor amiga…
Não pude deixar de ficar surpresa com o que ali vinha escrito! Por momentos pensei que, ela acima de todas as pessoas tinha dado pela minha ausência.

Na mensagem vinha escrito o seguinte:

De: arempity_ 1315@hotmail.com
Para: nerd_d+@hotmail.com
Assunto: Fw:

, toda a escola já sabe do acontecimento entre você e ! Cara, nós sabemos que você não gostava dele mas, daí a levá-lo a se matar por você é outra coisa completamente diferente!
Você não se afastou daquele carro porque sabia que ele te ia afastar dele… NUNCA pensei que chegasse a esse ponto! Ele era um miúdo excepcional e você só começou o odiando porque soube que eu gostava dele! E, como te conheço, aposto que você não tá sentindo nem um pouco de peso na consciência por tudo o que você causou! Pois, saiba que você é a principal culpada de tudo aquilo que está acontecendo… Tenho tantas coisas para falar com você mas, a gente se fala na escola.
Esse e-mail era tão escroto que até tinha dificuldade em expressar o nojo que sentia por uma garota tão pateticamente patética. Podia ter parado de ler mas, algo me impedia de fazê-lo. Não conseguia desgrudar os olhos daquele e-mail. Já sabia que a partir daquele momento que havia saído completamente ilesa – não completamente, pensou se lembrando da alma penada que tinha estado na sua cabeça – daquele hospital, não iria ter nem paz nem sossego no liceu. Mas, quando li aquela frase: “… a gente se fala na escola.”, tive a minha certeza assegurada.
Regressei à caixa de entrada, me remexendo desconfortavelmente na cadeira de minha secretária de madeira mogno. Pensei em ler o resto dos e-mails, mas me arrependi ao ver os assuntos escritos neles: “abra se tiver coragem, assassina!”; “se não abrir falarei com você na escola…”; “sua víbora, você MATOU o meu cara!”; “MORRA, sua infeliz!”… Eram todos assim, que nem me incomodei em ler os outros.
Desliguei o computador, encaminhei para a minha cama de casal. Ainda eram 20:00 horas, mas iria precisar de toda a minha força para amanhã, por isso acabei por dormir aninhada ao urso da minha mãe.



Capítulo 2 – My hell is everyone’s heaven!



Quando acordei no dia seguinte, eram 7:50 (e, eu estava super-atrasada visto que a aulas começam às 7:30) mas, sequer me importei, continuei a vestir-me lentamente. Afinal, qual era a pressa de ir para o Inferno?
Infelizmente, não pude ficar em casa de repouso mais um dia pois, as matérias começavam a acumular-se e, tinha de conseguir manter a minha média…
Ao arrumar a minha bolsa, pus o meu livro recentemente adquirido entre os da escola. Ler era um hábito que eu conservava.
Tranquei a porta de casa e, decidi verificar o meu celular… PUTA! Tinha 10 sms na caixa de entrada! Eu ODEIO sms! Porquê escrever aquilo que se pode falar? Quer dizer, isso tira a emoção das coisas! E, além disso, como é que haviam descoberto o meu número?
Enquanto tirava a minha bicicleta preta da entrada da casa, fui averiguando se havia algo de novo nas tais mensagens… Porra! Será que ninguém podia ser um pouco original nos xingamentos? Sempre a mesma coisa… Você é uma assassina; psicopata; etc. Credo a falta de originalidade desses meus colegas é que me faz ficar desanimada.
Fui pedalando até ao liceu mais prestigiado da cidade, sentindo o calor que tinha desaparecer. Não havia tomado banho naquela manhã porque, enfim… Nunca tomava banho de manhã, só à noite. E, além do mais, não queria correr o risco de ver o defunto outra vez.
- Caralho! – Exclamei ao avistar a escola. Já me tinha esquecido de como era o meu Inferno que, no entanto, era o Paraíso para muitos! Na verdade, se o liceu não me trouxesse memórias tão desagradáveis poderia apreciar a sua beleza monumental. Todo o edifício principal era rodeado por um alto muro decorado com heras que, impedia de que um safado pervertido qualquer fosse foder os alunos.
«Estacionei» a minha bike com cuidado ao lado do portão. Passei o meu cartão de estudante pela ranhura e assim que o computador processou os dados, abriram-se os portões me dando acesso ao interior do Inferno…
Caminhei ao longo do passeio entre o maravilhoso relvado, muito bem aparado, nervosa. Aquela escola sempre me intimidara. Não costumo me intimidar com nada, até porque não me importo com a maior parte das coisas que se passam à minha volta. Mas, aquele liceu era imponente e majestoso… Duas palavras com as quais não combinava. Então porque estava lá? Porque os meus padrinhos – sim, aqueles que não davam a mínima para mim – tiveram um surto de peso na consciência e decidiram que, o mínimo que podiam fazer por mim era me pôr no melhor colégio da cidade.
Ali estava eu, na porta da sala da primeira aula que teria nesse dia horrível que era nomeadamente Matemática! Minha disciplina preferida, com a melhor professora de sempre!
Tive que respirar fundo pausadamente duas vezes antes de, tomar coragem e entrar para aquela merda.
- Bom dia! – Declarei em alto e bom som.
- Bom dia! – Responderam alguns antes de ver a quem se dirigiram. Todo o mundo ficou pasmado ao me ver. Sabe, tipo pervertido que vê porno pela primeira vez.
Dirigi-me ao meu lugar que, ficava no canto direito da sala.
- Senhorita , vejo que está inteiramente recuperada do horrível acidente de que foi vitima… - constatou a professora.
- Sim, senhora!
- Ainda bem! Em relação às matérias, espero que consiga nos acompanhar. No final da aula pegue os apontamentos de um dos seus colegas e, estude-as. Caso tenha alguma dúvida não hesite em vir ter comigo…
- Sim, senhora! – Falei o mais séria possível mas, por dentro estava gargalhando. Era ruim mesmo… Imagina que euzinha da iria falar com qualquer um desses bestas tão cedo e, ainda por cima para pedir apontamentos? Não me faltava mais nada!
- Continuemos então onde parámos! Sabemos que a equação da mediatriz é…
Simplesmente adorava Matemática! A sua estrutura; a forma como os números estavam organizados; a maneira como tudo parecia fazer sentido e, principalmente a complexidade das fórmulas, fazia com que eu amasse a disciplina. Mas, naquele dia não estava com a mínima paciência para aquilo! Tinha que me preocupar com as coisas que me esperavam no primeiro intervalo que, estava para breve!
“Ahn, pensando em matemática, alien?”
- Puta! – Exclamei alto, demais. Saí a correr da sala e, todos os olhos estavam, uma vez mais, voltados para mim.
Provavelmente ninguém havia percebido o que tinha falado já que, tudo aconteceu muito depressa… Pelo menos, assim esperava. Já imaginou o mico se a professora me vier perguntar algo tipo: “Senhorita , que modos são esses?”
Corri depressa até chegar ao pátio principal, onde os alunos costumam ficar durante o intervalo maior. Sentei-me no “meu” banco. Este era todo rabiscado por mensagens antigas de amor e promessas do apocalipse. Tipo: “vocês do futuro irão morrer queimados, assim como eu!”. E, o mais engraçado era que os pirralhos que tinham escrito isso ainda estavam vivos mas, possuíam uma barba do tamanho do mundo!
- O que é que você tá fazendo aqui? – Perguntei
“hahahahah, você achou mesmo que iria perder o seu primeiro dia de aulas?”
- Caralho, cara! Sai da minha cabeça! O que é que você quer?
“De você? Nada! Quero é ver como os meus amigos vão reagir quando souberem que a “assassina” voltou!”
- Porra! Vou ter que ir consultar um espanta-espirito!
- ? – Chamou com cautela a professora Radija – Você tá bem? Saiu tão depressa da aula, que pensei que estava se sentindo mal…
- Não é nada, não professora! Tá tudo bem! Só me senti um pouco enjoada mas, já estou melhor!
“Enjoada? Ah, que desculpa mais esfarrapada!”
- Bom, se você está melhor, pode matar a aula. Tenho a certeza que você depois recupera as notas… Mas, não se esqueça de ir para a próxima!
- Sim, senhora! Muito obrigada, professora!
“Oba! Vamos comer sorvete!”
- De nada, querida! Se precisar de alguma coisa, é só falar…
- Ok!
“Comer sorvete, o escambau! Se eu resolvesse comer sorvete, comeria sozinha e, principalmente, sem a companhia de fantasmas indesejáveis!”
“Finalmente!”
“Finalmente, o quê?”
“Você tá comunicando comigo sem falar! Muito mais cómodo, não é verdade?”

- Ah! Vai te foder, !
“É um pouco difícil nessas condições, ou seja, morto!”
Teria rido se, - e, há sempre um “se” - não fosse o falando, (ou pensando, como você quiser!) isso e, se o sino não tivesse acabado de tocar, trazendo um monte marginais para fora da sala prontos a me atacarem assim que me pusessem a vista em cima!
Pensei em esconder-me mas, o chamou-me de covarde e, o meu orgulho falou mais alto!
- Ora, ora se não é a ! – Apontou, um miúdo, que nunca vi, atraindo todas atenções sobre mim. Se dirigiu até mim, com uma miúda debaixo do sovaco.
- Pois sou eu! E, você quem é? – Perguntei, toda snobe!
- Hahahaha! – Gozou – Você não sabe mesmo quem sou? Eita, coisa mais deslocada!
“Caralho! Será que você ouviu bem? Ele acabou de te chamar de coisa?!”
- Desculpa se não sei quem é você… Sabe, não costumo ir muitas vezes no chiqueiro!
- Sua… - ergueu a mão para me pregar um estalo mas, pareceu se arrepender imediatamente – Você tem muita sorte por ser mulher… Acho eu! Quer dizer, tenho algumas dúvidas quanto à sua feminilidade…
- Então somos dois! Porque eu também tenho dúvidas quanto à sua! – Insultei
“Opa! Você tá irritando o Stevie!”
“Stevie Anderson? O quarterback mais popular da escola?”
“Esse mesmo, ! Ele era um dos meus amigos mais chegados!”
- , é melhor você não abusar… Tenho meus princípios e, não encosto dedo em mulher ou em projeto dela!
- Ahn, mas eu encosto! – Afirmou inesperadamente a tal miúda, que vim perceber ser a namorada de Stevie. E, com isto, me pregou um estalo na cara com uma força danada. – Sua cabra! Você matou nosso amigo; nosso ídolo; nosso campeão! E, aposto que tá aí no maior desleixo! Tem noção de quanta gente gostava do ? Ele era um cara super-legal, que nunca iria sequer olhar para você por isso, o empurrou para a frente daquele carro!
De todas as coisas que ela tinha dito ou feito, essa foi a que me chocou mais!
- Eu o empurrei? – Perguntei admirada – Você tá doida? Acha mesmo que eu iria empurrar ele para frente de um carro, sua louca! Se fosse o caso, estaria numa prisão!
- E é aí que você devia estar! Os polícias devem ter…
Gargalhei sem graça nenhuma.
- Será possível você ser tão estúpida? Por acaso você acha que consigo enganar polícias? Uau, devo ser mesmo boa!
Comecei a andar para trás – feita caranguejo - até que, não conseguia recuar mais devido a uma sólida parede atrás de mim. Por momentos, aquela desconhecida ficou sem palavras mas, acabou por exclamar:
- Ahn! Não quero saber! A única coisa que tenho a certeza é que você vai pagar muito caro por ter se atravessado no caminho de um rapaz tão promissor como ele!
“Já tou pagando!”, pensei ao me lembrar da vozinha irritante que tinha na cabeça.
“Você deve achar que tou feliz por estar morto! E, ainda por cima no seu corpo! Mas, a gente discute depois. Sai daqui antes que ela te dê outro tapa!”
Claro que não iria fazer o que ele me disse mas, depois de refletir um pouco, reparei que estavam se agrupando muitas pessoas naquele pátio e, aquilo não podia ser nada bom.
“Como faço para sair daqui?”, pensei mais para mim do que para o fantasma que estava dentro da minha cabeça. Apesar disso, claro, ele respondeu:
“Não devia te dizer isso mas, diga que tem que falar com Mannie e, eles vão te deixar ir…
Não queria confiar nele mas, não tinha outra solução: estava rodeada por uma multidão enraivecida e, não podia fugir por causa da sólida parede detrás de mim. Pigarreei, preparada para mentir.
- Bom, pessoas, vamos ter de conversar depois porque agora tenho de ir falar com o Mannie…
- Com o Mannie? – Perguntou Stevie, relaxando de uma forma quase sinistra.
- Pois, me deixem passar… - mandei. Uau! Eu minto bem!
Instantaneamente, todos os que me rodeavam afastaram-se abrindo passagem como se fosse a rainha de Inglaterra. Não sou estúpida pelo que, aproveitei o momento para me escapulir dali.
Quando já estava suficientemente longe daquele bando de marginais, perguntei em voz alta:
- Quem é o Mannie, ?
“É o presidente da associação de estudantes!”
- Ahn, e ele é assim tão influente?
, você estuda nessa escola? O Mannie é mais obedecido do que a própria diretora… Portanto, se você diz que tem que ir falar com ele, ninguém vai te querer atrasar”
- Ahn, entendi. Agora, me explica porque raio você me ajudou?
“Isso só a mim diz respeito, sua alien!”
Odeio quando ele me chama disso!
- Você se esqueceu de que você está hospedado no meu corpo?
“Você acha que eu conseguiria esquecer, mesmo se quisesse? E, eu sei que você odeia que te chame de alien!”
- Que merda é essa? Você consegue ler todos os meus pensamentos mas, eu não consigo ler os teus?
“Assim parece! Agora, pára de falar e se limita a pensar, porque a minha cabeça tá começando a doer”
Ignorei o pedido dele.
- Cara, não te esquece que você tá na minha cabeça, tá bom? E, eu não tou sentindo nenhuma dor! Além disso… VOCÊ ESTÁ MORTO, CARALHO!
“Não sei te dizer porquê mas, sinto uma dor horrível… Por isso, pára!”
- Me desculpe mas, não vou parar! Isso não me afeta portanto não vejo o porquê de te…
E, de repente, senti! Uma dor horrível que se centrava na minha cabeça, na zona do crânio! Parecia que uma minhoca enorme com dentes havia entrado no meu cérebro através do meu ouvido esquerdo e, comido tudo ao seu redor para depois sair pelo meu ouvido direito.
- Porra! – Exclamei – Nunca mais quero sentir uma dor dessas!
“Então fala comigo através do seu pensamento, sua anta!”
- Ou então posso escolher não falar! – Contrapus teimosamente.
“Por mim, melhor ainda!”
Nem sequer lhe respondi, enquanto ia me dirigindo para sala outra vez, porque o sino já tinha tocado. Estava tão absorta nos meus pensamentos não-compartilhados que, nem reparei no rapaz à minha frente. Sem querer, lhe dei um encontrão e, me apressei a lhe pedir desculpas.
- Não tem nenhum problema, !
Levantei a minha cara, para poder ver com quem falava. PUTA! O rapaz era uma merda de lindo! Traços bem definidos, ruivo, olhos azuis como o mar e…
“Ahn, não! Só me faltava isto! Morrer; ficar preso no corpo de uma alien e, ainda por cima, ter de ouvir os pensamentos típicos de uma adolescente apaixonada!”
“Adolescente apaixonada? Você andou fumando? Nem conheço o cara!”
, obviamente que não ando fumando, EU ESTOU MORTO! Ahn, sei lá… Pára de babar…”
Resolvi ignorá-lo, pelo menos tentar fazê-lo.
- Como é que você me conhece? – Perguntei completamente desajeitada. Depressa me recompus… Quer dizer, porra! Ele era um rapaz que, como todos devia ser mulherengo e se achar o mais fodão da zona!
“Eu nunca fui mulherengo e, nunca achei que sou fodão… Eu tenho a certeza que o sou!”
“Você não é rapaz...”
- debochei
“Então já te mostro se sou ou não rapaz!”
Fiz um esforço para parecer um pouco mais acessível mas, era um pouco difícil devido à minha vontade de matar o ! (outra vez!)
- Conheço a maioria das pessoas deste liceu… Mas, acho que nunca tínhamos sido formalmente apresentados. Sou o Mannie, o presidente da associação de estudantes!
-Ahn, prazer! – Disse, lhe apertando a mão
Senti o gargalhar e, tive que lhe perguntar o que se passava…
“Que escroto, ! Você nunca teve namorado, pois não? Que ridículo, cara! Onde já se viu cumprimentar um rapaz, que você acha bonito com um aperto de mão?”
“Eu… Ahn… Quero lá saber o que você acha, estúpido!”

- Está tudo bem com você? ‘Tá parecendo um pouco confusa… - Mannie perguntou, preocupado? Desde quando é que alguém se preocupa comigo? Isso tá me cheirando a armação!
- Mannie, ou como você se chama, volta donde você veio e, pára de gozar comigo, tá bom?
- Acho que houve um mal-entendido aqui… - tentou em vão me explicar
Cortei o mal pela raiz.
- Que mal entendido? Vai ficar lá com os seus compinchas e, me deixa aqui, ok?
Mannie reagiu um pouco mal ao meu pedido mas, não disse nada se afastando em seguida… Mas, claro, ele voltou e disse:
- Você deve ser um pouco louca… Espero que você tenha muitos amigos influentes que te possam proteger porque a partir de hoje sua vida vai ser um Inferno… - e, com um último sorriso, que estranhamente, me pareceu sincero ele entrou numa sala de aula me deixando ali sozinha, outra vez.
Girei 180 graus e, pude observar que mais ninguém me seguia ameaçadoramente como se me fosse esfaquear ou assim… E, esse Mannie, hein? Coitado, nem percebi o que ele queria mas, pronto… Agora já se foi!
“Você é tão besta, ele só queria ser seu amigo mas, você espantou ele!”
“Amigo? Sei… Ó, claro, acredito mesmo nisso!” – Pensei sarcástica.
bufou e, não disse mais nada. Ótimo! Até que enfim, um pouco de tranquilidade. Continuei caminhando em direção à sala onde teria Geografia. Ao andar, observei os alunos que, se portavam como sempre, embrenhados em seus pensamentos mundanos e típicos de adolescentes fúteis. Havia um grupo que, estava um pouco mais afastado de todos e, estava incrivelmente calado.
“São os guys! Vai para lá, ! Tenho que falar com eles, tenho que lhes ver!”
“Você só pode estar doido! Um – você não pode falar com eles e, dois – não os conheço de lado nenhum, portanto não vou para lá!”
, eu tenho de ir para lá, por favor!”

Nem liguei para o fato de ele estar pedindo «por favor».
“E, o que ganho com isso?”
“Não sei… O que você quiser mas, me deixa lhes ver mais de perto e, você podia dizer o que eu tou pensando para eles…”
, não vou fazer isso! Não quero! E, isso não é tão importante assim…”
“É importante para mim…”
“Sim… Como dizia, não é importante!”
, se você não me fizer esse favor… Vai se arrepender!”
“Ooooh, partiu para a chantagem"
– e, sem controlar comecei a gargalhar – "Que medo! O que será que um morto pode me fazer de mal?”
“Se você não for ter com eles imediatamente, juro que você descobre!”
“Sabe, eu adoro desafios!”

E, com isto dei meia volta e, continuei o caminho para a minha aula. Ouvi o bufar de raiva e, parecia que ele ia chorar.
“Vai te foder! Até parece que eu iria chorar na sua frente, sua alien!”
“Own, acho que vou chorar, ele me mandou foder! Olha aqui seu moleque, por acaso você acha que eu te devo alguma coisa?”
“Claro que sim, eu salvei a sua insignificante vida!”
“Precisamente por isso que você me está devendo!”
“Não tou entendo…”
, não sei se você já reparou mas, você está bem… Morto, quer dizer, mas, não sofre… E, não tem ninguém atrás de você esperando uma oportunidade para te esfaquear… Nem, um monte de gente te chamando de assassino!”
“Preferia mil vezes isso a estar no seu corpo imundo… Sua porca, nem sequer tomou banho hoje!”
“Estúpido! Só tomo banho à noite para poder dormir mais fresca!”
“Ahn, quero lá saber… Seu corpo é fedido com banho ou sem ele!”

Sentei-me na minha carteira de madeira, contei até dez muito devagar, usando o processo para me acalmar! Ao meu lado esquerdo, estava sentada uma miúda magra demais que, se abaixou para apanhar um lápis que tinha caído no chão…
De repente, sinto a minha mão esquerda a mover-se sozinha! Tipo, sozinha! Tentei pegá-la com a minha mão direita mas, não tinha força suficiente para reprimir o impulso que se seguiu. Quando dei conta, estava com a minha mão a espalmar o cuzão da miúda que, nunca vira.
“Oh Diabos dos Infernos! O que você fez, ? Eu vou te…”
“Você vai o quê? Me matar? Tão engraçada, !”
“Isso não vai ficar assim!”

Nem consegui concentrar-me no que ele dizia porque a tal miúda estava fazendo um escândalo:
- Credo – dizia ela, assim que consegui retirar a minha mão – Além de assassina, a é lésbica! Sai de perto de mim, sua pervertida!
Ahn, essa miúda tá-me torrando os nervos.
- Ouve aí, sua cabrazeca, mesmo se eu fosse lésbica, a última pessoa com quem ficaria seria você!
- Não foi isso que pareceu! – acusou, apontando para o seu cuzão – Sei que tenho uma bunda espetacular mas… você está sem controlo. Acho que tenho de ir falar com o Mannie…
Ao meu redor, ouvi pessoas susterem o ar, como se ela tivesse me dito como iria morrer. Por amor de Deus – e, nem acredito nele – isso é tão ridículo!
- Eu não dou a mínima para o que você pensa… Mas, me desculpe… Não volta a acontecer…
- Espero bem que não!
A pior aula de sempre passou devagar e, só conseguia ouvir o professor falando sobre a atmosfera e a pressão demográfica… Oh, por favor! Estava quase dormindo mas, o fez o favor de me acordar!
“Porra! Faz o favor de ficar acordada que quero ouvir essa aula!”
“Cara você é tão escroto! Para quê estudar quando você nunca mais será ninguém na vida?”
“Quero lá saber, se concentra, sua alien!”
“Agora que tou pensando nisso… Quanto tempo você vai ficar por aqui? Quero dizer, dentro da minha cabeça?”
“Ahn, sei lá… Mas, espero que não seja durante muito tempo…”
“Cara, como você conseguiu controlar a minha mão?”
“Sei lá, pensei com força e, aconteceu! Você tem que admitir, foi uma jogada de mestre…”
“Jogada de mestre, o caralho! Eu vou me vingar . Você vai ver!”
“Oh, sim… Estou esperando totalmente ansioso para ver”

Notei que ele parecia sonolento. Será que fantasma sente sono? Que esquisito!
Ele não respondeu aos meus pensamentos e, eu já tava encostada na parede ao meu lado, pronta para tirar uma soneca quando, o professor me chama ao quadro para resolver um exercício que lá estava!
“Puta!”
“Isso que dá não prestar atenção na aula! Mas, tenho duas noticias. Uma boa e uma má!”
“Ahn, pára com joguinhos… Diz então, primeiro a noticia boa…”

A sala de aula era muito longa, então demorei alguns segundos a chegar ao quadro.
“A boa noticia é que sei a resposta para o exercício que você vai tentar responder e, a má noticia é que não ta vou dizer!”
“Você deve ter algum tipo de problema, cara!”
“Bom, não sou eu que tenho um fantasma na minha cabeça!”

À minha frente estava um quadro preto enorme e, quando lá cheguei o professor me deu um pau de giz. Olhei para o exercício e, arrependi-me de não ter prestado atenção à aula. Mas, depois vi que, no canto superior esquerdo do quadro estava a fórmula para o resolver. Sem dar muito nas vistas ajeitei-me de forma que a pudesse observar melhor e, descontraidamente resolvi o exercício de maneira correta. Yeah! Mais um feito corretamente, como sempre! Que emoção! (estou sendo sarcástica!)
Como sempre, o prof. congratulou-me por ser uma aluna tão dedicada e, depois dispensou-nos. O sino não tardou a tocar, fazendo com que os corredores anteriormente vazios ficassem mais cheios que casa-de-banho públicas em tempos de diarreia.
Assim se passaram mais duas aulas sem que nada de invulgar acontecesse.
No último intervalo, andei um pouco, indo em direção à cantina… Estava cheia de fome! Sentia o estômago fazer aquelas porras de barulhos, parecendo que era um carro cujo motor não pegava.
Hum… Ninguém mais me chateara até ao dia acabar, o que era de fato muito esquisito.
Ao virar a esquina, tinha cerca de três rapazes, que pareciam estar à minha espera, atiraram-me um conjunto de líquidos frios e, saíram a correr.
“Puta que pariu! Tinha que falar cedo demais! Pronto , você está bem! Aqueles merdas não te fizeram nada! E, além disso só falta mais uma aula para ir para casa e, estar finalmente bem…”
começou a gargalhar. “Merda! Você tá cheirando muito mal! E, deve tar toda viscosa também… Eca! Ainda bem que estou morto!”
“Filho da puta, cala a boca! Pára de pensar, porra! Me deixa em paz, caralho!”
“Ooh, tá nervosinha, hein?”

Não sei como fiz, mas a partir daquele momento bloqueei os meus pensamentos dele. Já não o ouvia e, tive uma súbita certeza que ele não conseguia me ouvir mesmo se tentasse.
Entrei para a aula seguinte de cabeça erguida, vendo todo o mundo, uma vez mais, apontar para mim e a rir como se fosse um palhaço. Apesar de, estar parecida com uma, não me incomodei nada ao ser gozada, novamente, por muita gente… Sempre fora assim comigo e, agora mais do que nunca, era muito pouco provável que isso fosse mudar.

’s POV (point of view)

Porra! Estava pensando na vontade que tinha de ver porno quando, a entrou em casa. Não sabia como ela fizera mas, conseguiu bloquear os seus estúpidos pensamentos de mim! Não é que eu queira saber o que ela pensa ou algo assim é só que ainda sei muito pouco sobre esta segunda vida e, não me agrada ficar assim, às escuras!
De repente, deixou de os conseguir bloquear e, pensou:
“Agora vou tomar um banho quente, como um bom lanche, depois direto para a cama… Amanhã é um novo dia, infelizmente!”
Suspirei, farto:
, porque você reclama tanto? Pelo menos você está viva e…- não consegui conter-me e comecei a gargalhar, quando vi o que ela estava tentando fazer – , você vai tomar banho de olhos fechados?
“Claro! Você achou que iria te deixar me ver nua?”
“Ahn, ainda bem que você me poupou desse sacrifício. Não quero ver sua celulite e estrias…”
“Seu anormal, não tenho estrias e, muito menos celulite… Que horror!”
“Então boa sorte, com esse seu banho de olhos fechados!”
Não comunicámos durante o banho. Ela estava cantando uma música, que reconheci ser, Superman, do Eminem. Até que ela cantava muito bem. Mas, eu estava muito ocupado a saborear o efeito que a água tinha sobre a e, inclusivamente sobre mim. Porra! Que saudades tinha de surfar na praia mais próxima. A dificuldade de acompanhar o movimento de uma onda sobre uma prancha é muito cool. É, sou viciado em adrenalina… Tudo que é radical tem o meu apelido. Quanta coisa, deixei para trás… E, sinceramente, de todas as coisas que sentia mais falta nada se compara à minha saudade de sexo!
Aí tá uma coisa em que eu era bom e, todas com quem estivera imploraram por mais… Pronto, não foram assim tantas, por opção minha… Afinal, não ia dar o meu “instrumento” a toda e qualquer puta que, aparecesse por aí… Isso era o trabalho do !
É isso que dá atrevessar em frente a um camião para salvar uma anormal! Nem sei porque fiz isso… Porra! Mas, já tá feito! E, feito está!
Entretanto, acabou de tomar banho e, tentava às cegas pegar a toalha.
“Ui!” – deixei escapar quando ela bateu o pé com força contra o sapato que, anteriormente tinha deixado por aí espalhado. Apressei-me a acrescentar – “Isso deve ter doído…” - e, fingi rir-me – “Bem-feita, assim você aprende, sua alien!”
“Vai te foder, !”
Puta! Essa miúda é muito desleixada! Caralho! O pior de tudo é que mais cedo havia descoberto que a dor que ela sentia era provavelmente três vezes pior para mim… Então, quando a nova namorada do Stevie lhe deu um tapa! Porra, aquela merda havia doído tanto, tanto… Ainda bem, que consigo bloquear os meus pensamentos dela. Porque senão, acho que se cortaria todos os dias só para me infernizar a vida (ou a morte, como quiser)!
Estranhei um pouco o fato de ela estar tão calada… Espreitei um pouco mais sobre os seus pensamentos mas, não consegui perceber nada, devido ao bloqueio da mente dela!
Uma das muitas coisas que era esquisita nela, era que ambos não gostávamos de perfume! Que escroto, mano! Nunca pensei em ter algo de comum com essa lambisgóia. Mas,enfim…
Comeu em silêncio os seus cereais de amêndoa – Eca! – E, foi-se deitar em seguida! Cacete! Odeio dormir cedo! E, eram 21:35… Mas, estava tão cansado…
Tipo, descobri também que o fato de controlar os movimentos da piranha me custa de tal forma… Que parece que andei surfando durante uma semana sem parar… Ou seja, estou de rastos…
A verdade, que nunca admitiria, era que tinha medo e saudades…
Medo de desaparecer… Ahn, sei lá… Nunca ninguém me disse que se morresse iria parar no corpo de uma imbecil.
E, tinha saudades de tudo: da minha família, que ainda não havia visto; dos meus amigos; da minha casa (principalmente do meu quarto desarrumado!); da televisão que odeio (porque é super-aborrecida!); dos shows maravilhosos que o Mcfly dava (será que a banda vai terminar?); das garotas que me perseguiam sem nunca conseguir nada (bem, quase nunca!)… Até da escola eu tinha saudades (atenção! escola e, não aulas…); tinha saudades do meu maravilhoso corpo!
Ahn e, principalmente de bater uma boa punhe…
Devo ter perdido a concentração porque a ouviu essa última parte, exclamando:
“Seu punheteiro de merda!”
“Ahn, vai-se tratar … Vai dizer que não sabe que isso existe?
“Claro, seu idiota… Mas, pelo menos bloqueia seus pensamentos para não os ter de ouvir, pervertido!”
“Bom, já pude perceber que você nunca deve ter visto porno… Deixa te mostrar um pouco…”

Talvez porque não quisesse que eu parasse ou, porque não conseguia reunir a concentração para fazê-lo, a não bloqueou os seus pensamentos e, ficou vendo as cenas de sexo que lhe mostrava, berrando.
Quando comecei a ficar com dores de cabeça devido a gritaria histérica dela parei de pensar em sexo… Ela ficou ofegante e, exclamou zangada:
“Você vai-se arrepender amargamente por isso… PORCO!”
“Acho que já tinha ouvido isso uma vez… Mas, até então, não vi nada!”
Ahn, não sou assim com todo o mundo mas, essa miúda me tira do sério! Ela é egoísta demais… Ainda mais do que eu! Imagine só… Nunca pensei que isso fosse possível!
Não falámos mais… Vi, ela se cobrir com uma manta pesada… Tudo ficou preto e, supus que ela havia fechado os olhos; não conseguia ouvir nada a não se um programa irritante que, acho que se chama Britain’s Got Talent…
Puta! Não queria dormir… Ouvi uns barulhos esquisitos vindos da mas, não dava a mínima merda para o que ela tava fazendo.
De repente, tive uma ideia! Ahn, era diabólica mas, valia a pena!
Selei os meus pensamentos, para que a tivesse o seu sono de beleza (para isso uma noite não lhe chegava… Teria de dormir durante uns 100 anos!) e, fiquei pensando no que faria caso, o meu plano desse certo.
Passado uns dez minutos, resolvi espreitar para a mente dela… Ela estava sonhando! Não precisava de saber com o quê, mas a curiosidade foi maior e, entrei, completamente, na mente dela…
Sonhava com um campo verde e, ela se encontrava no meio dele sentada numa toalha de piquenique, com dois adultos à sua frente. Decidi aproximar-me. Ao chegar perto o suficiente, escondi-me por detrás de uma árvore e, pude ouvir o que ela dizia:
- Pai, mãe… Sentem-se comigo! Trouxe um pouco de bolachas de manteiga de amendoim, as nossas preferidas!
Eles obdeceram.
- Desde que vocês morreram a minha vida tem vindo a piorar gradualmente…
Com que então a megera era órfã? Bem, já devia ter desconfiado… Quer dizer, ainda não vira ninguém em casa desde que fiquei trancado na sua cabeça.
- Fiquem comigo! – Vi-lhe implorar assim, que eles se levantaram para irem embora
Com um impulso que, não pude explicar, saí das sombras e, ordenei:
- Fiquem com ela!
Os pais dela encaram-me confusos, até que a mãe perguntou:
- Filha, você não nos tinha dito que estava sozinha?
- Sim, mãe… Estou! Esse paspalho é só um fantasma qualquer!
- Fantasma qualquer, sua estúpida?! – Perguntei, avançando em direção a ela.
Puta que pariu! Agora que notei! Eram as minhas pernas que estavam avançando! Não eram as da … Era o meu corpo! Caralho eu sou foda! Fiquei tocando o meu corpo que nem um gay mas, nem me importei com esse detalhe! Parei de me acariciar assim que, o sr. disse, sorrindo:
- Vocês são namorados? – Perguntou dirigindo-se à filha
- Credo em cruz! – Exclamámos ao mesmo tempo
Teria rido se – merda com esse “se”- não fosse a e, se os pais dela não me estivessem tratando como o txutxuzinho dela.
- ! Sai do meu sonho, imediatamente! Até aqui você vem me importunar? – Perguntou ela
Ahn! Então ela sabia que estava sonhando? Ia mandar uns bons “vai-te foder, sua ordinária!”, mas pude perceber que aquilo era uma coisa privada e, ela queria estar sozinha… Noutras alturas não sairia mas, tinha de concretizar o meu plano… Despedi-me da sra. e do sr. e, saí do sonho dela…
Ao voltar ao meu espaço na cabeça dela, percebi que ela, não havia acordado! Ótimo! Reuni todas as forças que tinha e, abri os olhos dela!
Opa! A televisão ainda estava aberta e, o quarto estava incrivelmente arrumado, como sempre!
Verifiquei se ela não havia acordado e, comecei a portar-me como um sonâmbulo.
Levantei o corpo dela da cama, fechei a televisão (que irritante, porra!) e, fui até ao espelho que havia na casa-de-banho…
Porra! Só consigo ver o reflexo dela… Ah, não! Provavelmente para conseguir ver o meu reflexo outra vez, ela tem de estar acordada e, sem bloquear a mente!
Observei a miúda que me encarava no espelho! Tinha os lábios salientes e bem… um pouco bonitos, uns olhos muito grandes e pestanas compridas e, usava um pijama com desenhos de ursos. Pensei em levantá-lo para ver o corpo que ela queria esconder de mim e, mais tarde atirar isso na cara dela, quando notei que ela estava de super-corada e, pude observar algo em seus olhos caindo… Puta! Eram lágrimas… estava chorando?
Será que era por causa de mim? Por causa de todas as coisas más que havia lhe feito hoje? Ou por causa dos pais que estavam mortos?
Fiquei mal ao ver a imagem dela tão acabada assim… Sim, eu a odeio! Mas, não a quero ver nesse estado… Quer dizer, agora esse é o meu corpo!
Limpei as lágrimas na face dela e, dirige-me para a cama outra vez! Merda, essa miúda conseguia acabar com os meus planos mesmo a dormir! Caralho pá! Mas, isso não muda nada… Eu odeio a e, assim vou continuar por… muito tempo!



Capítulo 3 – Aqui quem manda sou eu!


’s POV

- Ahgh! – Praguejei, enquanto me arrumava. Chegar atrasada à escola todos os dias havia se tornado um hábito. Ok, estava exagerando… Era só o segundo dia de aulas. Mas, é que parecia que estava sempre muito cansada, a toda a hora. Bem, naquela manhã havia acordado puta da vida (mais do que o costume). Sei lá porquê… Mas, depois apercebi-me de que a tv estava desligada e, eu nunca durmo com a televisão fechada.
“O que você fez, ?”
“Eu? Nada! Ahn, faça-me um favor, . Só porque a tv está desligada! Se calhar houve um corte de energia…” - sugeriu
“Não, não foi isso…”
- afirmei, enquanto abria o interruptor do meu quarto.
“Então não sei… Por acaso sou algum vidente?”
“Ahn, sei lá! Só pode ter sido você…”
“Já nem te respondo, caralho!”
“Ainda bem, merda!”

Percebi que para me ver ao espelho, sem ver o otário do tinha que selar os meus pensamentos. Assim, pude me arranjar o minimamente possível. Fui para a merda infernal de bicicleta, como sempre. Ao chegar lá, não fui molestada da mesma forma que ontem.
“Ainda, você quer dizer!”
“Sim, Ainda não fui molestada…” – pensei cansada.
Ó cara mais cansativo! Estava cansada de brigar e me vingar dele vezes sem conta… Mas, não ia deixar barato aquilo que ele me havia feito no dia anterior. Além de ter uma reputação de assassina que não consegue arranjar cúmplice, porque ninguém se aproxima de mim, tinha, agora, fama de lésbica.

***


A aula de biologia prática foi muito interessante. Tive que dissecar um sapo, algo que era muito difícil de se fazer sozinha. Mas, eu, como sempre, havia ficado sem colega de laboratório, logo, recebi a nota máxima muito mais facilmente.
“Putz! Você é tão egoísta. Não é que você seja muito inteligente mas, já pensou que poderia ajudar alguém com mais dificuldade que você?”
“Porque haveria de ajudar alguém se, a mim nunca me ajudaram?”
“Ahn, esqueça… Você é só mais uma garota fútil…”
“Own, olha quem fala… O garoto que ontem estava sentindo saudade de sexo…”
“Você nunca experimentou, por isso não fale do que não sabe!”

Quando ele disse isso, sem querer, espetei o bisturi no coração do sapo.
“Graças a você, esse sapo já era!”
“Sim, pois, claro! Sou eu que estou lhe abrindo as tripas e, não tem a mínima noção do que está fazendo!”
- disse o Silva com os pensamentos embargados de sarcasmo
“Então sele seus pensamentos para não os ouvir! Assim, não vou cometer erros merdosos à toa!”
“Bom saber que consigo te desconcentrar!”
! Oiça o que você está dizendo! Não me importo com você! Pode desaparecer – e, iria adorar que isso acontecesse -, pode se foder ou ainda melhor arranje outro corpo para ficar!”
“Que bom que o nosso sentimento é mutuo. Realmente, gostaria de mudar de corpo mas, pelos vistos não estou conseguindo ainda…
Bloqueei meus pensamentos desse puta de punheiteiro. Tinha de me concentrar e, ouvir pensamentos ordinários do não era a melhor forma de conseguir isso.
O sinal tocou para sair e, imediatamente todos os alunos saíram da sala. Menos eu, é claro! O sitio que mais adorava em toda a escola era a sala de Biologia prática. Ali, era uma Deusa, onde todos os seres vivos que tocava, dependiam de mim para sobreviver. Era necessária, precisavam de mim…
- Senhorita , sabia que não perderia o seu velho hábito. – Afirmou sabiamente uma voz conhecida.
- Olá, Professor Braz! – Respondi educadamente. O professor Braz de Estefanil era um senhor velho, que sempre fora cordial comigo, ao contrário de alguns professores. Lecionava a disciplina de Biologia e, tinha aquele ar de velho inteligente e culto.
- Então a menina continua a querer ficar dentro da sala, depois da aula terminar, não é? – Inquiriu curiosamente
- Sim, senhor! Como posso sair da sala com tantas coisas para aprender? – isso soou nerd.
“Você é nerd! Sua parva!”
“Cala a boca, seu retardado!”

- Percebo o que quer dizer, menina. Mas, por mais intervalos que não aproveite, haverá sempre algo para aprender. Portanto, a partir de agora nas minhas aulas ninguém vai ficar dentro da sala.
- Mas, senhor professor… - ele não podia me fazer ir para o semi-inferno, completamente desprotegida. Da última vez, que foi ontem, quase apanhei de toda a escola.
- Menina , não costumo lhe mandar nada mas, desta vez é uma ordem. Espero sinceramente, que não nos desentendamos por causa disso.
- Sim, senhor!
- Bom, visto que estamos conversados, coza o sapo, deixe-lhe no seu recipiente próprio, arrume os materiais e, vá aproveitar o belo dia lá fora.
Acenei com a cabeça.
Garanti que o sapo iria acordar, sem nenhum dano colateral e, cozi-lhe o tórax. Lavei-me, arrumei os materiais e, cumprindo a ordem do professor fui para o recreio.
Como sempre estava completamente cheio. Desta vez, não fiquei à espera que alguma puta ou playboy aparecesse para me dar um soco, ou assim. Fui diretamente à cantina, pedi o meu cheeseburger e o meu sumo natural de manga. Entreguei o dinheiro depressa à senhora funcionária, quando o Stevie me deu um encontrão para depois me piscar um olho.
“Bem, tirando o Stevie, não me parece que você vá se cruzar com alguém de bem, por hoje…”
“Quando você diz alguém de bem, está falando dos seus compinchas, né?”
“Basicamente, sim! Sabe, acho que até hoje você não percebeu o impato que o meu ato vai ter na sua vida. Tipo o Mcfly tem fãs em todo o mundo. Desde África a Ásia.”
“E?”
“Bem, algumas delas são muito loucas… De certeza, que teriam coragem de viajar de lá do fim do mundo, só para vir bater em você!”
“E?”
– voltei a perguntar – “Penso que você já percebeu que tenho duas pernas e dois braços… Portanto, se tiver que ser… brigarei com todas elas…”
“Own, claro. Como não pensei nisso antes?”
perguntou sarcasticamente.
Preparei-me para lhe mandar uns bons “vai-te foder”, quando vi a namorada do Stevie falando com a miúda que apalpado no dia anterior.
Tentei passar de forma quase invisível sem ouvir a conversa delas mas, não foi possível. Elas falavam muito alto.
- Bem, coitada da senhora ! – Exclamou a miúda do cuzão, enquanto fazia gestos estúpidos com as mãos – Ontem, a minha irmã foi ao cemitério Holly Black deixar flores no túmulo do e, ela me contou que a viu chorando sem parar.
- Também, ela perdeu o filho dela! É ou não motivo para se ficar amargurada para o resto da vida? Além disso… Jesus! Que filho era aquele, né? – Perguntou entusiasticamente a namorado do Stevie, com uma gargalhada pervertida
O riu todo vaidoso.
“É bom saber que mesmo morto, continuo a ter a atenção merecida.”
Nem sequer lhe respondi. Não valia a pena… Eita menino mimado e, convencido!
“Menino mimado e convencido é a sua…!”
- Sim, ele era LINDO! Tentei uma vez “ficar íntima” dele mas, não resultou… - disse a miúda do cuzão com alguma tristeza, interrompendo a nossa discussão.
“Não ia dar uma pra’ ela… É muito magra!” - disse ele, todo contente com a sua popularidade.
- Tipo, você sabia que ela tinha discutido com ele no dia em que morreu? – Perguntou a garota do Stevie, tentando contar um grande mexerico
- E, foi porquê? Você sabe?
- Não sei, não! Mas, coitadinha, parece que ela vai lá todos os dias às 15:00 da tarde.
Aí veio-me a ideia. Selei imediatamente os meus pensamentos. Já sei o que iria fazer para me vingar! Ah, caralho! O tá fodido comigo! Olhei para o relógio: 11:50!
As aulas estavam quase a terminar. Bem, acho que tenho tempo para fazer tudo o que pretendo e, mais tarde posso até ir passear.
Como não podia estar sempre a bloquear os pensamentos, devido ao cansaço que isso me provocava, pensei em outras coisas, como os filmes novos (de terror, claro!) que tinha de comprar para assistir.

***


Mais tarde fui almoçar num restaurante na esquina do meu apartamento. Quando eram 14:45, paguei a conta e, conduzi a minha bicicleta para o cemitério mais próximo onde sabia que o corpo de estava.
Ele percebeu para onde íamos e, começou a perguntar:
“O que é que você está tramando, ?”
Não lhe respondi e, ele bufou pois não conseguia ler os meus pensamentos. Bloqueamento das minhas ideias é FODÃO!
Estacionei a minha bike e, entrei naquele cemitério pela milésima vez. Já havia lá estado tantas vezes como as que estou em minha casa, para visitar os meus pais.
Era um lugar acolhedor e pacífico com muitas flores de várias cores. Sabia que os defuntos eram enterrados consoante a data da morte, logo, os que morreram desde antigamente estavam enterrados perto da entrada e, os corpos mais recentes estavam lá para o fundo do cemitério. Comecei a andar em linha reta, avistei ao longe um rapaz que, não consegui identificar (deve ter ido lá para visitar a sepultura de alguém) – parecia que tinha uma mochila às costas - e, continuei caminhando até avistar uma senhora que, pensei ser a mãe do
“MÃE!” - gritou o coitado, sabendo que por mais que berrasse ela nunca o iria ouvir.
Para o torturar ainda mais, aproximei-me da senhora para poder ouvir o que ela dizia ao lamuriar-se:
- Filho, você me abandonou… Pensei que fosse você a me enterrar e, não o contrário. Era tão novo, tão esperto, tão lindinho…
“Esperto? Lindinho? Já deu para ver que sua mãe tá delirando!” - gozei sem pena nenhuma.
“Sua vaca! Pára com isso! Fala com ela! Lhe consola ou então vamos embora daqui!”
“Fazer o quê? Consolar ela porquê cara?”
– gargalhei, maldosamente - Isso é pra’ você aprender a nunca mais se meter comigo!Eu estou viva! Tenho o controlo da situação! Então presta a atenção: nunca mais tente controlar os meus membros ou o meu corpo, senão vou foder a sua morte assim como fiz com a sua vida!”
“Como é possível você ser assim tão fria com uma senhora da idade dela?”
“Mas, ainda não fiz nada em relação a ela…”
– apaziguei-lhe. Mas, ele percebeu a menção do “ainda”.
“Se você acha que vou parar de te torturar depois disso que você me fez, está muito enganada!”
“Bom saber. Assim não me vai pesar na consciência o que estou prestes a fazer!”
– com uma última risada, avancei em direção ao túmulo que estava ao lado do do . Ajoelhei-me em frente à cova de um pobre coitado que nunca tinha ouvido falar. O calou-se e, eu fiquei ali, parada durante cerca de dois minutos até que e a sua mãe também se calou, olhando para mim.
- A menina também perdeu um familiar recentemente? - Perguntou chorosa. Olhei para ela atentamente. Ela era uma senhora que devia ter os seus cinquenta anos que, no entanto parecia ser nova de espírito. Se não estivesse a chorar, seria uma mulher bela. Condoí-me dela pelo que estava prestes a fazer.
- Sim, perdi.
- Posso saber como foi?
- Bem… - não esperava que ela me perguntasse isso mas, mesmo assim, respondi-lhe – Morreram num acidente aéreo. Iam numa avioneta que se despenhou perto do Alasca…
- As minhas condolências… - pronunciou, para depois não murmurar mais nada
- E, a senhora quem é que perdeu? – Atrevi-me a perguntar, com a maior cara de pau
- Ahn, acho que talvez a senhorita possa não o conhecer mas, ele era muito popular… Quem morreu foi o meu filho: ! Num acidente rodoviário em conjunto com uma garota…
- Não, não conheci o seu filho… - menti, sorrindo. Sempre fui boa nisso e, a velha caiu que nem um patinho.
Ela tomou um fôlego como se se preparasse para ficar debaixo de água durante muito tempo e, rapidamente acrescentou:
- Posso perceber que a senhorita não o conhecia… Sabe, ninguém sabe disto mas, ele morreu por negligência médica.
- Como? – Perguntei curiosa e, algo confusa.
- Bem, quando ele e mais uma garota deram entrada no hospital, trazidos pelos colegas que presenciaram o acidente, os doutores estavam muito atarefados em mandar o pessoal todo para fora do hospital e, a diagnosticar se tinha havido algum trauma na cabeça de ambos… Tão atarefados que nem notaram que os pulmões dele haviam sofrido um dano grande e, quando ele começou a sangrar por todos os lugares do seu corpo, já era tarde demais… - disse, soluçando ruidosamente. Grossas lágrimas rolavam pela cara dela.
- E, a garota? – Perguntei como se não soubesse de quem ela estava falando
- Sei lá.. Uma infeliz qualquer que, nem se dignou a vir falar connosco desde que ele morreu.
- Sim, ela devia ter vindo falar com você e a sua família… - concordei. Só me apetecia mandar ela ir se foder! Quem é que a velha pensava que era?
Porra deve ser hereditária essa prepotência que todos dessa família têm!
“Prepotente é você sua puta!”
“O que você me chamou?!”
“Além de tudo, você deve estar ficando burra! P-U-T-A! É o que você é!”

Sorri, calmamente.
- Posso lhe fazer outra pergunta? – Perguntou inesperadamente.
- Claro. – Assenti, começando a ficar farta da senhora .
- Como você consegue aguentar a dor?
Suspirei. Não queria fazer mal à senhora, ela parecia ser simpática. Mas, tinha de dar o troco no , por tudo aquilo que ele me havia feito.
- Não aguento. Sabe, nunca acreditei em Deus e, portanto não acredito que os meus familiares tenham ido para o céu ou assim… Para mim, todos estão no chão apodrecendo… O pior é quando pensamos que nunca mais lhes vamos voltar a ver… - parei um pouco para respirar, era difícil bloquear os meus pensamentos ao mesmo tempo que falava com alguém. A Sra. estava acabada. Podia ter parado mas, não o fiz. – Pelo menos seu familiar não morreu com raiva de você! Já imaginou se vocês tivessem brigado nesse dia! E, a última coisa que você disse a ele é que lhe odeia?
Nesse momento, juro que ouvi os batimentos do coração dela pararem.
- Sim… Mas, você acha que essa pessoa não seria capaz de perdoar no seu leito de morte? – Sra. perguntou desesperadamente frágil.
- Hum, não sei… Acho que não… Mas, nunca se sabe, né? – Tentando remediar o estrago que tinha feito. Ahn, qual é? Não queria que a mulher se suicidasse… Quer dizer não ganharia nada com isso, não é? – Bom, vou passear ao longo do terreno… Fique bem, senhora. Um dia talvez, nos voltemos a encontrar…
A Sra apenas fez um gesto com a cabeça e, continuou fitando a campa do seu falecido filho sem saber que este está dentro da minha cabeça. Sem conseguir aguentar mais, desbloqueei a minha mente, me preparando para a porra de barulho que esse infeliz ia fazer na minha cabeça:
“O que você fez?” - perguntou ele, de forma sibilante e ameaçadora.
Estranhei a mudança na voz dele, mas quer saber? Banquei a toda-poderosa:
“E, aí, gostou do espectáculo? Acho que eu poderia ser atriz, o que você acha?”
, você acabou de falar as maiores crueldades para uma mãe – a minha mãe - que acabou de enterrar o seu filho e, está se preocupando com o seu nível de carisma?”
“Ué! Você queria que estivesse me preocupando com a roupa dela? Faça-me um favor, !”
“Você vai pagar por isso!”
- E, dessa vez, ouvi a raiva e o ressentimento que ele sempre sentira por mim mas, nunca demonstrara. Senti a sua vontade de me fazer pagar pelas merdas que tinha feito, pela dor que causei a todos os seus amigos e conhecidos. Senti a vontade de matar!
“Ui! O ficou irritadinho por eu ter falado a verdade para a mamãezinha?”
“Vou acabar com a sua raça! Escreve o que tou te falando, você está FODIDA comigo!”
– e, com isso ele apagou. Se não soubesse que ele tinha simplesmente fechado a sua mente imunda, daria pulos de alegria por pensar que ele desapareceu de vez!
Ahn, que bom é aproveitar o sossego que a vida nos proporciona! Fui andando pelo cemitério (meu lugar preferido em todo o mundo!). Para lá das campas e dos epitáfios estavam as colinas que serviam de ligação entre a cidade e, o campo. Tudo era verde e, feliz! Com flores de várias cores e, um bosque consistente… Podia ter parado por ali e, apreciar o meu merda de momento zen mas, ainda não tinha chegado onde queria.
Entrei por entre a densa floresta, sabendo perfeitamente para onde me dirigia… Se fosse alguém que nunca lá tivesse estado ter-se-ia perdido de certeza. Mas, ali era como se fosse a minha segunda casa e, estava em segurança.
Marchei até ouvir o barulho que a água da cachoeira fazia. Bem, tinha chegado! Puta que pariu! Aquele lugar era LINDO, sério!
Havia um grande lago, que podia observar donde estava e, que caia através de uma cascata com cerca de seis metros. Quando a água, incidia nas rochas quentes, que por sua vez refletiam o Sol, provocava um arco-íris cool de se observar. Estas, eram revestidas de heras verdes. Aproximei-me da orla da cascata. Sempre havia adorado locais como grandes precipícios. O fato de que um saltinho podia terminar com a minha vida era excitante. Tinha o poder de decisão da minha vida nas minhas mãos. Então, não acreditava no futuro escrito ou coisa assim do género.
Inspirei aquele ar maravilhoso mas, de repente fiquei sem fôlego quando o gritou:
“AAAAAAAAAA! Sua cabra!”
Não me assustei com o grito, mas o fato de ele fazer com que as minhas pernas avançassem sozinhas, me fez empalidecer.
“O que você está tentando fazer, ? Pirou de vez?”
“Vou te matar!”
- anunciou simplesmente, como se me estivesse dizendo bom dia.
Era desnecessário ele ter dito alguma coisa, já que as suas ações demonstravam literalmente os seus desejos. Há medida que ele ia gritando com o impulso de força que fazia, empurrava-me cada vez mais para a berma da profunda e mortal cascata.
Tentei controlar os meus movimentos e, impedi-lo mas, não estava conseguindo.
, pára de fingimento, cara! Ambos sabemos que você tem medo de morrer!” – disse, disfarçando o meu medo repentino.
“Tinha, , tinha… Percebi que se é para viver uma segunda vida com você e, ver sofrer os meus familiares, era preferível nem ter nascido! E, infelizmente para você, a única forma que arranjei para desaparecer é fazer com que você venha atrás de mim…”
“Ahn, não me diga! Seu retardado desprezível, você viu como sua mamãe ‘tava chorando e, se emocionou, é?”

O me fez dar um grande passo, para mostrar que não estava brincando. Senti-me escorregar e, comecei a me afligir:
“Quero te propor algo: você vai falar com a minha mãe, lhe diz que tudo aquilo que você disse não foi sentido e, vai falar com os meus amigos para lhes explicar o quanto gostava deles ou então se prepara para nunca mais andar de bicicleta!”
Nem que a vaca cague flores eu vou fazer algo por você!
[frase da minha amiga Debbie]
“Bom saber. Assim não me vai pesar na consciência o que estou prestes a fazer!” – decretou, repetindo a minha frase de há poucos momentos. Logo que percebi que ele se preparava para me matar, tentei agarrar no solo mas, foi tarde demais.
Senti minhas pernas saírem do chão. E, por momentos, ao ver para baixo, parecia que estava voando igual aos animes que sempre vi… Mas, depressa esse sonho acabou e me senti caindo… Talvez se tivesse conseguido pensar veria que não era possível agarrar-me a nada... Aquela era uma forma horrível de se morrer, mas é a vida! Nem tive tempo para pensar…E, essa é a última coisa que me lembro porque dessa vez, tudo ficou preto…



N/a de autora:Oo! CARALHO! É a palavra que descreve esse capitulo! Porra, e, aí garotas, vocês estão vendo o que fizeram? Suas malvadas! É assim que tratam a vossa sei lá: «sogra» de imaginação?
Bem, gente ouvi muitas coisas como: E, aí Núria? Como eles vão namorar se estão no mesmo corpo? Como vão ficar juntos? Conselho do dia: Preocupem-se mas é em sobreviver a esse acidente para contar a história e, depois (muito depois!) se preocupem com as pegadas do casal! Um problema de cada vez… E, não se preocupem a vossa personagem vai ser feliz (pelo menos durante algum tempo!)… Não vos posso prometer que essa fic vai acabar bem, porque ainda falta tanta coisa para acontecer!!! Espero poder fazer mais de quinze capítulos com essa fic! E, se cada capítulo tiver cerca de dez a quinze páginas, vamos ter um LIVRO aqui! Hahahhahaha!

Spoiler:(vou contar um pouco do vai acontecer no próximo capitulo, se não quiser, não leia!) BEM, hoje não vos vou contar o que vai acontecer, né? Mas, o próximo capítulo vai-se chamar “Falling Apart”

Antes de ir, queria lançar um desafio: Quem indicar mais vezes minha fic vai ter a oportunidade de ler o capitulo 4 antes deste chegar no site! Bem, quando indicarem minha fic, digam à leitora que diga isso no seu comentário… Exemplo:
Comentário da Celeste: “Núria, gostei da sua fic, porque…. Blá, blá, blá … Quem ma indicou foi a Margarida!”
Quem tiver mais nomes quando mandar o capitulo para a beta, lê-lo! :P Vamos ver quem faz mais indicações! Bjs e, até à próxima att! Não se esqueçam de me dizer que vocês acham que vai acontecer com a menina-sem-coração!

2 comentários:

  1. poxa!! Eu acompanhava sua fic anos atrás, aliás, comentava muito ela! uma pena que você não deu continuidade, foi minha FIC favorita! EVER!!

    ResponderEliminar
  2. poxa!! Eu acompanhava sua fic anos atrás, aliás, comentava muito ela! uma pena que você não deu continuidade, foi minha FIC favorita! EVER!!

    ResponderEliminar